quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Literatura

Ao passar o olho por Memórias de um Sargento de Milícias inda outro dia, fui levado a uma reflexão aterradora.
Não assino jornal. Aquele trambolho dentro de casa só faz procriar. Uma faxineira desatenta, que permita a sobrevivência de um único exemplar de um dia para outro e... pronto. Amanhã já são 1000 jornais onde hoje era um só.
Volto ao raciocínio: não assino jornal. No entanto, ao passar o olho por qualquer de nossas gavetas, observamos a profunda pobreza literária que as páginas vendidas nas bancas trazem a seus leitores e assinantes.
A linguagem jornalística é chã. Redige-se mal, estrutura-se mal, concorda-se mal. Informa-se mal. O elemento literário – que, há pouco mais de 100 anos era tão vivo e necessário –, puramente literário, tornou-se irrelevante.
Pensar que Manuel Antônio de Almeida escreveu – e publicou! – o Sargento capítulo a capítulo, semanalmente, nos remete a um tempo em que jornalismo e literatura eram gêmeos siameses.
Agora: pensar que Machado de Assis escreveu – e publicou! – parte de sua obra nas páginas de um jornal pode nos levar a começar a assinatura do folhetim que recebemos toda manhã.

Nenhum comentário: