sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Música

O terceiro movimento termina. O silêncio reina por alguns segundos. Surge a nota Mi, tocada em uníssono por vários instrumentos da orquestra. O Mi é sucedido pelo Fá Sustenido. O volume do uníssono aumenta nota a nota. A terceira nota a ser ouvida é o Sol. A quarta é o Lá. O Mezzo Forte do início do Movimento já é um Forte. O rufar de um tímpano anuncia a chegada do Lá Sustenido, a quinta nota. O Si é a sexta nota da seqüência ascendente que foi iniciada com a primeira nota, o Mi. Já num Fortíssimo a mesma nota Si, porém uma oitava abaixo – um Si grave –, é a sétima nota. Finalmente, o mesmo Mi que iniciou a seqüência, fecha a frase musical composta por 8 notas.
Mi – Fá# – Sol – Lá – Lá# – Si – Si (grave) – Mi
A beleza da frase é flagrante de per se. De nada mais precisaria. Ela diz o suficiente sozinha, soando completa a partir de si mesma.
O Movimento segue. Todo ele é construído a partir daquela mesma frase. Ela vai, volta, surge, reaparece. Todo o movimento é uma grande ode àquela frase: Mi – Fá# – Sol – Lá – Lá# – Si – Si (grave) – Mi.
Um olhar mais atento não permitiria uma ausência de investigação. Por que AQUELA frase?
Porque aquela frase embasa, sustenta, é o tema de um Coral, de Bach, escrito quase 150 antes. A frase, de um entre tantos e tão maravilhosos Corais de J. S. Bach, é trazida à tona por Brahms tantos anos depois e embasa, sustenta, é o tema de sua Quarta Sinfonia, em Mi menor.
Mais do que uma homenagem, um ciclo musical – completo em si mesmo – que se fecha.

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