quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Cinema

É, meus amigos, nós todos pudemos notar o incrível desfile de personagens pitorescos e inesquecíveis, as imagens envelhecidas do início do filme que nos remetem a um documentário da década de 1910, a cena indelével da disputa de vaidades dos cantores de ópera em busca de seu alimento favorito – o aplauso – provindo das profundezas das galés, o contraste do luxuoso navio dos grandes artistas e dos refugiados da 1a Guerra Mundial. Todos pudemos constatar ou pelo menos levarmos em consideração a hipótese de o leite do rinoceronte-fêmea ser muito saboroso.
No entanto, à obrigação de escolher uma única cena para chamar a atenção de meus companheiros aqui do Blog, remeto-me à cena final, na qual o diretor, mais do que desnudar o Cinema, a produção de um filme, mais do que desmistificar a falsa aura de grandeza da Sétima Arte, ele ocupa-se de desnudar e desmistificar a si mesmo. Federico Fellini, ao se revelar tamanhamente mortal, nos lembra de que os grandes artistas, os grandes cineastas até mesmo os grandes paquidermes são mortais. Como nós somos mortais. As personagens são os únicos seres que terão vida eterna. Mesmo sem beber leite de rinoceronte.
Fellini nos indica, pelos remos do narrador, que La Nave Va e que a Vida vai.
Semana que vem, Rocco e Seus Irmãos, de Lucchino Visconti. Até lá.

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