terça-feira, 19 de agosto de 2008

Teatro

No finalzinho dos anos 30s, num Brasil que pensava em trabalho pela cabeça de seu ditador-de-plantão; que perdera o pai de sua maior manifestação cultural – o samba; que olhava, distante, para um mundo que se avizinhava da Guerra; chegou ao Rio de Janeiro um baiano charmoso, doce, sensual. Trazia consigo uma voz espetacular e meia-dúzia de músicas escritas lá na distante Bahia – que já enviara para a então capital da República os negros que se refugiaram nos morros cariocas e nos apresentaram o samba.
Os EUA, pela cabeça de seu democrata-de-plantão, inauguraram a famosa “política da boa-vizinhança” com os países periféricos à Guerra. Criaram ações simpáticas aos países do Terceiro Mundo que ainda não haviam aderido ao conflito mundial. Lavaram para estrelar comédias em Hollywood o humorista mexicano Mario Moreno, o Cantinflas; importaram, para coadjuvarem comédias românticas, atrizes latinas como Rita Moreno e Dolores Del Rio; convidaram para estrelar comédias musicais a cantora brasileira Carmem Miranda. Ela, para lá, se foi.
Carmem Miranda levou para os EUA o grupo O Bando da Lua. Ela precisava de músicos brasileiros para acompanhá-la em suas performances. O swing dos músicos norte-americanos não era compatível – tampouco suficiente – para os requebros do samba maroto de Carmem. Levou, ainda, mais uma coisa “tipicamente brasileira”: a música de Dorival Caymmi. A música que encantou os ouvidos da terra do Tio Sam.
Carmem portou os “balangandãs”, os “berenguendéns”, os “Rosários-de-ouro”; a América importou a maravilhosa música de Dorival Caymmi.

Nenhum comentário: