terça-feira, 27 de maio de 2008

Teatro

Corroborando o que disse aqui Pedro Lima, na semana passada, é preciso olhar cautelosamente para o que ocorre com o elemento sonoro no Teatro.
O Som, no Teatro, não “anda em círculos”. Anda para trás.
Os teatros não têm, em sua construção físico-arquitetônica, a menor preocupação com o conceito da Acústica. Uns reverberam muito, outros não reverberam nada. Uns são fartos em madeira, outros fartos em concreto, outro fartos em curvas, em ângulos, em rebatedores mal colocados...
O equipamento de som dos teatros anda “muito rico”. Contudo, os operadores de som dos teatros estão cada vez mais pobres. São profissionais sem a menor qualificação ou amparo.
Se a peça é realizada com microfones, é um Deus-nos-acuda. As microfonias sucedem uma a outra, os volumes são desregulados, os ruídos são constantes. Se a peça é realizada sem microfone, o público não ouve tudo o que é dito no palco.
Ora, já foi dito aqui: O Teatro é a Literatura encenada. Se o espectador não ouve o texto que está a ser dito, Santo Cristo!, estamos perdendo a oportunidade de ouvirmos a literatura que ali se dá.
O som é mais do que 50% de uma peça.
O que ocorre? Quem paga o pato? O ator.
Para ser ouvido, o infeliz do ator vem à cena bradando suas falas, exagerando a impostação de sua voz, alardeando o texto – que, por muitas vezes, requer um volume de voz inúmeras vezes mais baixo. As cenas perdem a sutileza. Perdendo a sutileza, perdem a força. O ator tem de requebrar.
No Teatro, o Som nem sequer chegou à “Estação de Trem”.

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