Existe uma percepção errônea de que o diploma universitário não é necessário para se dar bem na vida. Com base nisso, o jornal O Estado de São Paulo um dia publicou uma reportagem intitulada “Gates não tem diploma. E daí?”. O subtítulo da reportagem era “Nem sempre a boa formação universitária é garantia de sucesso”.
A matéria estava errada em dois pontos. Em primeiro lugar, a repórter argumenta que, de 946 bilionários da lista da revista Fortune, 50 não têm curso superior. Ou seja, 5% dos bilionários não têm curso universitário. Pois isso me parece um argumento justamente no sentido oposto, ou seja, da necessidade do diploma. A grande maioria da população não tem curso superior. Se o diploma universitário não fosse necessário, o percentual de bilionários sem essa qualificação deveria seguir o mesmo percentual que na população em geral. O fato de que é muito menor, a meu ver, sugere o oposto. Por exemplo, digamos que, por hipótese, 30% da população mundial possua curso superior (na realidade é muito menos) mas, entre os bilionários, 95% possuem diploma universitário. Isso mostra que o diploma tem influência.
Além disso, a repórter demonstrou um mau entendimento de um benefício ainda mais importante do que ficar bilionário, que é não acabar pobre. A maioria das pessoas não tem a ambição de se tornar bilionárias. Mas quase todos têm receio de se tornar pobres. E o curso superior impõe uma barreira, diminuindo em muito a chance de isso acontecer. Talvez esse seja o real benefício do curso superior, ainda mais significativo do que ficar bilionário. Mas esse argumento é ignorado pela repórter e também, infelizmente, pelo consultor de carreiras entrevistado para a matéria. Que a repórter não saiba disso, eu até compreendo. Mas que um consultor de carreiras ignore este fato eu acho surpreendente.
Alexandre Gracioso
Doutor em Educação pela Fundação Getúlio Vargas e Diretor Administrativo da Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM
A matéria estava errada em dois pontos. Em primeiro lugar, a repórter argumenta que, de 946 bilionários da lista da revista Fortune, 50 não têm curso superior. Ou seja, 5% dos bilionários não têm curso universitário. Pois isso me parece um argumento justamente no sentido oposto, ou seja, da necessidade do diploma. A grande maioria da população não tem curso superior. Se o diploma universitário não fosse necessário, o percentual de bilionários sem essa qualificação deveria seguir o mesmo percentual que na população em geral. O fato de que é muito menor, a meu ver, sugere o oposto. Por exemplo, digamos que, por hipótese, 30% da população mundial possua curso superior (na realidade é muito menos) mas, entre os bilionários, 95% possuem diploma universitário. Isso mostra que o diploma tem influência.
Além disso, a repórter demonstrou um mau entendimento de um benefício ainda mais importante do que ficar bilionário, que é não acabar pobre. A maioria das pessoas não tem a ambição de se tornar bilionárias. Mas quase todos têm receio de se tornar pobres. E o curso superior impõe uma barreira, diminuindo em muito a chance de isso acontecer. Talvez esse seja o real benefício do curso superior, ainda mais significativo do que ficar bilionário. Mas esse argumento é ignorado pela repórter e também, infelizmente, pelo consultor de carreiras entrevistado para a matéria. Que a repórter não saiba disso, eu até compreendo. Mas que um consultor de carreiras ignore este fato eu acho surpreendente.
Alexandre Gracioso
Doutor em Educação pela Fundação Getúlio Vargas e Diretor Administrativo da Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM
Um comentário:
Maravilhoso !
Que blog show !
Parabéns !
Eu vou confessar que eu mesmo já pensei se não foi a toa que estudei tanto ! Que bom saber que não !
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