Literatura

... e sendo tratada como manifestação cultural, a Literatura parece ter descoberto o modo mais preciso de organizar uma apresentação do produto cultural. Na verdade, não é exatamente a Literatura que descobriu a fórmula mas, sim, as Editoras é que demonstram total capacidade de viabilizar a melhor apresentação de seu produto cultural. Se não, vejamos:
O leitor vai à livraria. Em regra, há estacionamento. Ele não tem de enfrentar o desagradabilíssimo encontro com o estimado profissional que habita livremente o entorno da praça: o guardador de carros, o flanelinha. Não há filas para comprar o livro.
É possível manusear o livro em que se está interessado. Ler a “orelha”, a contracapa, folhear o livro, sentir o inconfundível e encantador cheiro do papel impresso.
As edições estão transbordando qualidade: o papel é bom, a capa é resistente, as cores são chamativas.

Logo chega o pior momento: o leitor enfrenta o preço do produto. Não há nada proporcionalmente tão caro no Brasil. A melhora na qualidade da edição assomada ao irrisório número de exemplares vendidos eleva o custo do livro a patamares inacreditáveis. O livro é muito caro. Ora, somos todos reféns de um organismo com sistema econômico! Temos o dinheiro contado e pouco. Finalmente, o encontro com o conteúdo do livro. Aqui mora o perigo: a que livros se lêem? O mercado editorial vai de mal a pior. Bem, mas esse é um assunto a ser tratado outra hora.
Os editores e os donos de livrarias vêm dando um belo invólucro ao seu produto...