quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Literatura

Hitler foi preso em 1923. Condenado a 5 anos de reclusão, cumpriu pena por 6 meses e foi solto.
Para a história da humanidade, sua libertação foi dolorosa, penosa, imperdoável. Para a história da literatura, porém, pior do que a libertação do ditador-em-bigode foi o fato de ele ter aproveitado o pequeno tempo de reclusão para escrever o que ele chamou de “livro”.
O relato, intitulado Minha Luta, é doloroso, penoso, imperdoável. Mal escrito, mal dimensionado, mal pensado. Um desfile interminável de conceitos vãos, frases perdidas e arroubos literários tamanhamente idióticos, que só mesmo um inconseqüente se permitiria.
Diga o que quer que se diga sobre outro ditador, Fidel Castro, jamais se poderá dizer que suas pretensões literárias se equiparavam às de Hitler. Num trecho de uma carta do comandante-em-chefe a um amigo, há muito mais literatura do que nas infinitas páginas do relato infeliz do alemão. Ei-lo:
“Minha mais profunda convicção é de que as respostas aos problemas atuais da sociedade cubana – que possui uma média educacional próxima de 12 graus, quase um milhão de pessoas com ensino superior completo e a possibilidade real de estudo para seus cidadãos sem nenhuma discriminação – requerem mais soluções para cada problema concreto do que as contidas em um tabuleiro de xadrez.
Nenhum detalhe pode ser ignorado, e não se trata de um caminho fácil, se é que a inteligência do ser humano em uma sociedade revolucionária prevalece sobre seus instintos.
Meu dever elementar não é me perpetuar em cargos, ou impedir a passagem de pessoas mais jovens, mas fornecer experiências e idéias cujo modesto valor provém da época excepcional que pude viver. Penso, como Oscar Niemeyer, que é preciso ser conseqüente até o final.”

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