sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Música

Pelos finais dos anos sessentas, uma cidade do interior de São Paulo recebeu aquele que é, provavelmente, o maior cantor do mundo de todos os tempos.

O show deu-se num ginásio de esportes. O forro, feito de zinco, do ginásio impossibilitava a mínima chance de uma acústica eficaz para o evento. A aparelhagem de som, alugada especialmente para o show, nem de longe fazia lembrar uma aparelhagem capaz de transmitir a sonoridade ideal para as músicas que seriam executadas.

A orquestra adentrou o palco. Posicionou-se. Começou a introdução da primeira música do show. Uma longa introdução executada pelo naipe dos violinos da orquestra.

Enquanto soavam aquelas doces notas, adentrou o palco um preto baixo, feio, e que aparentava ser um tanto coxo.

As luzes semi-apagas, semi-acesas, confundiam a visão. A platéia não sabia se aplaudia a entrada do cantor.

Repentinamente, o momento de indecisão cessou. Aquele preto baixote, feio e torto abriu a boca e cantou a primeira nota, da primeira música do show: “When...”. A afinação, o timbre, o som daquela nota encantou a todos e silenciou por completo toda a platéia.

Aplaudir, naquele instante, seria um crime.

Todos ficaram silentes para poderem ouvir o restante da frase: “... I fall in love...”

Todos ficaram em silêncio para ouvir a voz de Nat King Cole.

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