terça-feira, 17 de novembro de 2009

Teatro

Mais uma historiazinha.
Cidade da grande São Paulo. Cidade quase-grande, portanto. Tida e havida como município que valoriza a cultura, a arte, o entretenimento, o cidadão, o bem-estar, o crescimento-individual-do-ser-que-deve-ter-acesso-à-cultura.
O leitor deve estar achando tudo isso irônico demais. E está correto. Explico.
Uma Companhia de Teatro foi contratada para se apresentar na tal cidade. Coisa rara de acontecer: qual a prefeitura que contrata uma Companhia que não tem “gente famosa”, que não tem “peça famosa” – ou, como se diz, “remontagem” –, com tudo pago direitinho, tudo para dar à sua gente um pouco de cultura, gratuitamente? Coisa rara, de fato.
Os atores estavam ansiosos. Menos pela apresentação da peça – já a tinham apresentado tantas vezes que o “frio na barriga” infelizmente tende a se tornar raro... –, mais pela oportunidade de apresentarem-se para pessoas que em geral não têm chance de ver histórias contadas desde um palco.
A peça tem início.
A narrativa se passa num estúdio de televisão: câmeras, estúdio, camarim; corre-corre de apresentadora, produtores, convidados. A uma altura da trama, ocorre um apagão na cidade: um apagão que fará com que o convidado de honra, a personagem-central da história, se aproxime dos demais personagens, que até então eram meros personagens-de-apoio.Narrativa complexa, mas nem tanto.Da platéia, ouve-se “acende a luz!”; “quero ver a peça!”; “cadê a luz???”. Balbúrdia geral. Alguns vão-se embora, maldizendo a prefeitura, que “nem pra pagar a luz serve”.
Pois é, meu amigo. Desta vez, ironicamente – só para voltarmos ao início desta historiazinha – a prefeitura, o governo, os que-mandam, não tiveram culpa. Ou será que tiveram?

Nenhum comentário: