quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Cinema

O título do filme, em sua língua original, traz à luz – se é que é possível – mais realeza do que ele já carrega em si. Finding Nemo.

A história do pai que vai à procura de seu filho, do único filho que restou de uma ninhada numerosa devorada por um peixe maior e mais ameaçador do que ele, é tão poética, tão grandiosa, tão bem escrita que chega às raias da Perfeição. Pouco resta a dizer.

Um detalhe:

Ao ataque do peixe-devorador, o pai, o “homem da casa” salva-se. A mãe, ao tentar salvar suas crias, é devorada.

O comportamento feminino, a alma feminina, o Ser feminino é exposto numa única cena. A mãe defende aquele ser que é gerado dentro dela com unhas e dentes (e nadadeiras!).

O comportamento masculino, a alma masculina, o Ser masculino é também exposto na mesma cena. O homem defende-se a si. Ele sabe que a continuidade da espécie depende de sua sobrevivência.

Finalmente, o toque magistral do filme.

O pai cuida sozinho do único filho que sobreviveu ao ataque do peixe-maior. Cuida como pai e como mãe. Teme, zela, cerceia. O filho – o comportamento filial, a alma filial, o Ser filial –, naturalmente, se rebela. É pescado.

O pai – em toda a sua mais plena porção Feminina – , qual a mãe o faria, se arrisca. Enfrentar todo o oceano em busca de seu filho. Vence.

Encontra-o.

Semana que vem: Crepúsculo dos Deuses, de Billy Wilder.

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