segunda-feira, 2 de março de 2009

Futebol

Sobre a Copa de 1970, uma história revela tudo. Ou quase tudo.
O novato Paulo César – craque até a medula – foi escalado para entrar no jogo contra a Romênia.
Entrou em campo. Durante os primeiros minutos do jogo, fascinado, mal conseguia jogar. Olhava para as arquibancadas, para os adversários, para os companheiros. Aquele momento era a realização de um sonho. Toda a vida de Paulo César fora vivida para que chegasse aquele instante. Chegara. Aos 17 minutos de jogo, Pelé aproximou-se do craque-em-seu-deslumbre. Esbravejou:
– Ô, negrinho: se você não acordar pro jogo AGORA, eu vou tirar você daqui!
6 minutos depois, Paulo César pegou a bola pelo lado esquerdo do campo. Driblou 2 adversários. Cruzou para a área. Tostão apareceu como uma flecha e fez o gol. Saiu comemorando. Todo o time correu na direção de Tostão para comemorar o gol. Pelé correu em sentido contrário. Correu para abraçar Paulo César.
Meu caro colaborador, me diga uma coisa:
Que homem é esse que percebe a “ausência” do companheiro?
Que tem a ascendência para dirigir-se a um irmão-de-cor e chamá-lo de “negrinho”?
Que tem a credibilidade de dizer que tiraria o companheiro de campo e tal dito ser aceito como verdade?
Que tem a realeza de premiar o trabalho do companheiro com o Seu cumprimento?
Com um Homem dessa estirpe dentro de campo, difícil perder, não?...

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