sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Música

Há, ainda, paciência para lerem mais uma historiazinha daquelas que me deixaram desesperado? Vou contar:
Entra na sala-de-aula uma aluna de canto. 31 anos de idade. Uma mulher. Nascida no Brasil em pleno meado da década de 1970. Um tempo – ainda – de alta profusão cultural no Brasil. Deposita a bolsa na cadeira. Segura um CD na mão direita. Nos apresentamos. Pergunto a ela:
– Você já canta?
– Ah!, eu faço aula com o outro professor.
– Sei. E que música você está aprendendo?
– Ah!, uma que tem aqui nesse CD.
Ela pôs o CD no aparelho. Achou a faixa. Começou a execução. Uma voz gutural de mulher tomou conta da sala. A porcaria que saía do alto-falante do aparelho falava sobre um “espelho da catedral”, misturava com “um tempo em mim”... era algo absolutamente desanimador. Disse a ela:
– Não, moça. Nada disso. Vou te apresentar uma música. Foi gravada pela maior das cantoras.
Toquei para ela “É Com Esse que Eu Vou”, de Pedro Caetano. Ensinei a música a ela. Fim da aula:
– Gostou da música, moça?
– Ah!, Até que gostei.
– Sei... Então, treina bem durante a semana e, na aula que vem, mostre pro seu professor, tá bom?
– É... Que... Eu queria mostrar uma outra música pra ele.
– Qual?
– Tá aqui no CD. Deixa eu te mostrar.
– Fora daqui, moça! Fora daqui. Agora!

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