terça-feira, 3 de junho de 2008

Teatro

Assisti ao filme Louco de Amor, dirigido pelo grande cineasta Robert Altman. A constatação é quase óbvia, obrigatória: como é difícil adaptar para a linguagem cinematográfica um texto escrito para o Teatro.
O texto original, escrito e encenado no Teatro por Sam Shepard, tem os ingredientes de uma peça teatral: 4 atores, 1 único figurino, 1 cenário fixo, muito diálogo, e uma trama intimista, restrita ao interesse passageiro e momentâneo da ação teatral.
No Teatro, a ação concentrada num único logradouro é precisa, determinante. O fluxo de texto em torno de uma trama banal, não-brilhante, é escorreito, justo, na medida. A existência de um fato gerador da ação é hermética. O Cinema requer algo diferente disso. Nem mesmo o próprio autor do texto participando do filme como ator permite ao filme se arvorar à aproximação qualitativa da peça.
Do mesmo modo, a inversão dos papéis raramente tem um resultado diferente. O filme que é adaptado para o Teatro tem de abrir mão de facetas fundamentais à sua linguagem. A projeção visual é outra, o fluxo textual é outro, a força narrativa vem de outro lugar.
O Teatro é dado ao Teatro. É feito para o palco e a platéia. Inda bem. Podemos assistir a grandes filmes no cinema e a grandes peças no teatro.
O Teatro é dado a si mesmo. Coisa boa, sô...

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