Futebol

As pérolas estilísticas cunhadas por nossos narradores esportivos vão “de vento em popa”. Cada vez melhor.
Em regra, provêm em abundância dos narradores das partidas de futebol. É um mar de pérolas.
No entanto, na manhã de ontem, domingo, fomos brindados não apenas com a estultice estilística, mas, também, conceitual.
A corrida de carros seguia seu ritmo inconfundível de monotonia. Passa o carro do líder, o do segundo colocado, o do terceiro... um bocejo, uma ultrapassagem do sétimo colocado – que passa a ser sexto –, um copo de água... Eis que surge o fato novo: um infeliz “rodou na pista”, quase bateu. O narrador, prontamente, deu o diagnóstico conclusivo:
– Foi a falha no motor de propulsão provocada pela falta de tração.
Afetadamente encantado com a própria frase, repetiu:
– Foi a falha no motor de propulsão provocada pela falta de tração.
A emissora para a qual o narrador trabalha tem os direitos sobre algumas das transmissões de rádio que se estabelecem entre os pilotos e suas equipes. Mal o narrador terminou a repetição de sua brilhante frase, pudemos ouvir o piloto dizer a seu engenheiro:
– Foi o câmbio.