quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Literatura

Passa o tempo e a vida passa.
No poema a frase dói muito menos do que quando revelada na vida real, na vida prática. O cabelo embranquece; a perna enfraquece; a memória não guarda, esquece.
O que vale a pena no passar do tempo é assistir ao esquecimento do que é passageiro e, a cada dia, o fortalecimento do que é eterno. Conto um caso:
Minha filha foi comigo à livraria. Tinha muitas patacas (ganhas pelo Natal) a gastar com livros. A parte substancial de seu valor amealhado, ela gastou naquilo que chamou de “livros pra uma pré-adolescente de férias”. Um quinhão de seu montante ela reservou para aquilo a que chamou de “livros mais eternos”. Escolheu um pequeno livro de contos de Marcel Proust. Livro pequeno, grande escolha.
As gôndolas principais da livraria continuam cheias de “livros pra uma pré-adolescente de férias”. As gôndolas vicinais vêm-se, dia a dia, esvaziar de seus “livros mais eternos”.
Vale a pena.

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