quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Cinema

“Essa gata, mesmo sem ter morrido, dividiu a morte em 5 estágios: Raiva, Recusa, Negociação, Depressão e Aceitação. Dá pra acreditar?”
O ator-canastrão de um filme que está sobre a mesa de Montagem vocifera as palavras acima. Com elas, Bob Fosse define às raias da perfeição o processo que delimita e direciona a Morte. Não apenas a própria-morte, como também a morte-dos-outros. Define o processo da morte-em-si.
Meu amigo morreu há uma semana.
Ao telefone, soube da notícia. Primeira reação: Raiva. Como é que um rapaz como aquele, bom, íntegro, honesto morre? Assim, de uma hora para a outra?
Em seguida, Recusa. Não é possível. Quantos anos ele tinha? 45, 46? É novo demais!...
Negociação: Caramba!, como é que pode? Quantos anos teria a mãe dele? E a avó? Já está velhinha ela, não está? Vai ficar sofrendo mais quanto tempo?...
Depressão: fui ao velório. Encontrei-me com meu primo, também amigo dele. Os olhos abertos de meu primo vivo eram mortos como os olhos fechados de nosso amigo.
Finalmente, cheguei ao último estágio, o da Aceitação. Aproximei-me do caixão. Olhei para o corpo de meu amigo. Nada mais havia ali. Nada. Ou quase nada. “Que no es lo mismo, pero es igual”.
Dei-lhe as costas. Fui-me embora. A vida seguia adiante. A vida vai. Fui-me com Ela. Ou com o que sobra d´Ela.

Semana que vem, Thelma and Louise, de Ridley Scott.

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