segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Futebol

O momento em que algo pode ser gravado é de extrema instabilidade: A gravação eterniza o acerto e eterniza o erro. Eis o ponto de instabilidade.
Desse modo, tudo o que foi visto por poucos e contado pos muitos – o que veio às gerações do presente pela tradição oral – torna-se mítico pela fantasia de quem conta e pela imaginação de quem ouve. Já o fato gravado é visto por muitos e comentado por muitos. Perde importância a cada vez que é visto sem a devida atenção. É passível de inúmeras análises, de minuciosas buscas pela imperfeição do que foi feito. Pode sofrer de uma espécie de “síndrome de banalização”.
Pois bem, eis a tíbia e tênue linha em que se encontra o Vídeo Tape: ele não registrou os lances geniais de Domingos da Guia, Ademir Menezes, Leônidas da Silva, Zizinho. Permitiu que nossa imaginação os desenhasse mais belos a cada dia. No entanto, registrou o chute (que raspou a grama no momento em que o pé encontrou-se com a bola) do fulano, a defesa (que pegou na ponta do dedo esquerdo da luva de número maior do goleiro) do cicrano, a furada (que se deveu aos cravos curtos da chuteira do zagueiro) de beltrano.
O Vídeo Tape. Para o Bem e para o Mal.

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