terça-feira, 24 de junho de 2008

Teatro

Chegou a moçoila para fazer o teste para a montagem de um musical. Sentado nas cadeiras do teatro, o diretor. À beira do piano, no palco, o diretor musical faz a pergunta-padrão para a candidata:
– Você já canta, minha filha?
– Sim.
– E você canta o quê?
– Olha, minha família diz que eu canto igual à Elis Regina.
– Igual à Elis Regina???
– Igual.
– Bem, então vamos lá. Cante algo, por favor.
A jovem entoou a primeira nota de um samba antigo, gravado por Elis Regina. Sucedeu a primeira nota, uma segunda nota. A terceira, a quarta, a frase toda, a estrofe completa.
Ao longo de todo o tempo, a pobre candidata não conseguiu acertar uma única nota sequer. A desafinação era monumental, a ausência de consciência rítmica era flagrante. Uma tristeza, a pobre.
Ao final da primeira estrofe, o diretor musical agradeceu e disse que, ao final dos testes, ligaria para dizer se ela houvera ou não sido aprovada.
A moça deixou o palco. A ele adentrou o diretor do musical. Subira as escadas, desolado. Chegou perto do piano. Olhou para o colega, que se encontrava igualmente perplexo. Sentenciou:
– É o que eu sempre digo: não mexa com os monstros sagrados. Deixe os mitos lá no Olimpo...

Nenhum comentário: