terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Cinema

Bruno Ganz é, de fato, um grande ator. Grandíssimo ator.
Depois de encantar o mundo como um dos Anjos de Wim Wenders (tanto em Asas do Desejo quanto em Tão Longe, Tão Perto), trouxe-nos uma interpretação medida, precisa, econômica, do ditador Adolf Hitler, no filme alemão A Queda.
Ganz deu à personagem sua porção mundana. Seria fácil, simples, óbvio (e, portanto, pobre) interpretar Hitler como o inconseqüente assassino de milhões de pessoas, como o histérico mandatário de uma nação entorpecida por seu discurso vazio, como o fanfarrão que acreditou em suas próprias histórias fantasiosas. Porém a pérola interpretativa de Bruno Ganz veio do fato de ele conseguir trazer à personagem os traços comuns de um sujeito de 56 anos de idade. Ao conseguir tal feito, o ator transformou-se em Sujeito da ação da personagem. Desse modo evitou, por um lado, a imitação pura e banal; por outro lado, escapou da caricaturização da personalidade do ditador.
Eis a medida exata da atuação que trata de uma personagem real, amplamente conhecida. Eis a medida exata de um grande ator.
Numa fase farta em caracterizações de personagens reais, amplamente conhecidos (Capote, Katharine Hepburn, Ray Charles, A Rainha), Bruno Ganz lapidou um Hitler que ficará eterno. Não como o idiota real que cometeu o mesmo erro de Napoleão Bonaparte, mas sim como a grande personagem criada e interpretada por um grande ator.
Semana que vem, falemos sobre O Poderoso Chefão. O primeiro, o Original.

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