Futebol

Minha filha tem 12 anos de idade. Há cerca de um ano, foi vítima de um engodo infantilóide que adentrou as casas de milhões de brasileiros pelas telas de televisão: um faroleiro-canastrão forjou um amor romanesco que encantou os desavisados e fez dele, ao final de uma temporada, um milionário. O amor durou pouco, pois inexistente. Que o dinheiro dure, pois real.
Inda ontem, pelas 15h, minha filha exclamou:
– Eu não me perdôo! Como eu fui tonta! Eu tinha certeza de que aquele era um amor de verdade! Como eu não percebi que era tudo uma mentira?...
Pois bem, menos de 4 horas depois do mea culpa de minha filha, o resultado igual estampado no placar do Estádio Olímpico, em Porto Alegre, rebaixou o Corinthians para a Segunda Divisão do campeonato brasileiro.
Exatos 2 anos depois de a massa corintiana cantar efusivamente “el, el, el, o Kia é da Fiel”, a árvore plantada pelo sujeito da frase cantada nos estádios deu seu fruto: o fundo do poço.
Cá de minha humilde posição fico a torcer, esperançoso, para que a Fiel Torcida exclame para si:
– Eu não me perdôo! Como eu fui tonta! Eu tinha certeza de que aquele era um amor de verdade! Como eu não percebi que era tudo uma mentira?...
Mais. Fico a torcer para que nós todos possamos aguçar nosso senso perceptivo, nossa Percepção. Quem sabe, um dia, deixaremos de comprar tantos engodos que tentam nos vender a toda hora, todo o tempo...