Imagine, meu caro colaborador, que você é dono de uma grande empresa. Sua empresa fatura uma montanha de dinheiro. Seus lucros são crescentes, sua situação é cômoda, seus impostos estão pagos, seu império infla a olhos vistos.
De tal modo, seu tempo é escasso. Seus compromissos são muitos. Seus horários, todos apertados. Evidentemente, não há espaço em sua agenda para que você trate de... teatro. Ora, há coisas muito mais importantes com que se preocupar.
Assim, na intenção de não parecer aos seus clientes aquilo que você realmente é – alguém que “não colabora com a Cultura do país” –, você constitui um departamento minúsculo, dentro de seu inchado departamento de marketing, para tratar de seus interesses pelo teatro.
Seu gerente de marketing nomeia um funcionário para cuidar do setor. Um ninguém que não faz peso onde quer que fique. Afinal, vai tratar de “mixaria”, mesmo.
O coitado, acostumado a ser tratado como o “ninguém” que é, ao se ver chefe de um departamento, acredita que é “alguém”. Aproveita a chance que a Vida lhe deu e... se vinga de toda a humilhação pela qual passou na vida: faz pose, não atende o telefone, não responde email, não lê as cartas, não fala com ninguém. Não recebe os artistas, quer receber entradas gratuitas para os espetáculos. Recebe os projetos, mas não os lê. Não sabe ler direito, o infeliz!!!
Sua empresa, meu caro colaborador, continua crescendo. Você continua enriquecendo. Sua tíbia intenção de “colaborar com a Cultura do país” continua viva. Só uma coisa vai morrendo pouco a pouco: o Teatro Brasileiro.
Você? Você nem fica sabendo. Ora, há coisas muito mais importantes com que se preocupar...
De tal modo, seu tempo é escasso. Seus compromissos são muitos. Seus horários, todos apertados. Evidentemente, não há espaço em sua agenda para que você trate de... teatro. Ora, há coisas muito mais importantes com que se preocupar.
Assim, na intenção de não parecer aos seus clientes aquilo que você realmente é – alguém que “não colabora com a Cultura do país” –, você constitui um departamento minúsculo, dentro de seu inchado departamento de marketing, para tratar de seus interesses pelo teatro.
Seu gerente de marketing nomeia um funcionário para cuidar do setor. Um ninguém que não faz peso onde quer que fique. Afinal, vai tratar de “mixaria”, mesmo.
O coitado, acostumado a ser tratado como o “ninguém” que é, ao se ver chefe de um departamento, acredita que é “alguém”. Aproveita a chance que a Vida lhe deu e... se vinga de toda a humilhação pela qual passou na vida: faz pose, não atende o telefone, não responde email, não lê as cartas, não fala com ninguém. Não recebe os artistas, quer receber entradas gratuitas para os espetáculos. Recebe os projetos, mas não os lê. Não sabe ler direito, o infeliz!!!
Sua empresa, meu caro colaborador, continua crescendo. Você continua enriquecendo. Sua tíbia intenção de “colaborar com a Cultura do país” continua viva. Só uma coisa vai morrendo pouco a pouco: o Teatro Brasileiro.
Você? Você nem fica sabendo. Ora, há coisas muito mais importantes com que se preocupar...
2 comentários:
Ah, quanta injustiça! Você escreveu que a pessoa em questão "não recebe os artistas". Quanta injustiça... se for aquele que ELE, com seu tíbio conceito sobre o que é "arte", considera "artista"... é claro que recebe.
O problema está nesse conceito: esse indivíduo, a quem dão a função importante e perigosa de mandar, desmandar e decidir, considera "arte" só aquilo que tem por assinatura o Padrão Globo de Qualidade.
E nessa toada, esse indivíduo (pena que, por ser indivíduo, não possa ser dividido ao meio!!!) deixa de falar com um Mazziero para falar com um... Cuoco, por exemplo.
Por isso, repito: sr. Bloggeiro, não seja injusto. O indivíduo em questão recebe, sim, os artistas.
ps: Cuoco??? Quem???
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